quarta-feira, 8 de junho de 2011

Merda

Quando o rato bater em tua porta
Quando nada tiveres em teu dentro
Teus amores negarão tu’existência
Os teus negros morrerem todos brancos
E as princesas matarem a utopia
E os cavalos cobrirem suas éguas
Quando as uvas floresçam novamente
E os brancos parirem suas putas
E Jesus dissesse a loteria
E os negros nascerem novamente
E os homens nascerem novamente
E os loucos viverem simplesmente
Quando os brancos morrerem todos negros
Teu odor não tiver mais paciência
Quando dentro de ti não houver nada
Quando a porta bater em tua cara
Quando o vivo enfim ressurgirá
E o porco honesto desintegrar-se
E o crocodilo branco crac a droga má
E o rodoviário ao mar lançado seja
E toda a merda cheire como orquídea
E todo ferro seja usado pra viver
E toda grade seja aberta de manhã
E a liberdade seja solta para sempre
Quando o caminho nunca mais se cruze
E o ignóbil seja sábio pra Tagore
Quando a rua acabar com você vivo
O sossego seja tua companhia
Quando eu durma, e coma, e trabalhe
Os folhetos desintegros nas calçadas
E a hóstia vomitar na hipocrisia
E a célula planctônica for comida
Pelo abutre que é homem calejado
Que consome todo caldo desta horta
E oprime com amor a creatura
Cambaleia na doçura pueril
Da cidade infernal da consciência
Desses todos homo sapiens hostis
E eu brincando com o meu maracatu
Para Buda pensar em harmonia
E eu melhore dessa esquizofrenia
De um dia ter nascido gente!

Mac 2011.

Nossa ultima manhã!

Se tiver eu que viver amanhã
A minha última manhã...
Deixe-me ao menos ajudar-te a ver nas calçadas
Alguma criança sem mãe, hã?

Se tiver eu que viver amanhã
A minha última manhã...
Que possa eu, ao menos uma vez, plantar-te no coração
O vidro em que te espelhas sem fundo,
O pó de limalha que espalhas e corta
E fere e mata, estraga, inerte
A social democracia egoísta do pseudo
Capitalismo desburocratizado imerso no teu peito
Podre de direita errada e psicografada
Pela morte de todos que roubasses com tua gula miserável
Por poder e por esta grande merda que se chama...
Dinheiro!

Se tiver eu que morrer amanhã...
A minha última manhã...
Deixe-me pelo menos que eu passe
Mais uma noite a teu lado,
E que nosso amor dure até a madrugada
De meu último minuto;
Oh, mulher...
Oh, amigo!


Mac. 2011

A morte!

Eu previ a minha morte
E não morri de bebida
E não morri de cigarro
E não morri de inveja
E não morri d’incerteza
E não morri de desdém

Eu não provoquei minha morte
Eu simplesmente morri!

Por mais que você não concorde
Por mais que você não aceite
Por mais que você não sinta
Por mais que você não veja
Como eu...
Eu simplesmente morri!
Aos mortos!

Todos nós conhecemos amigos, ou parentes
Que estão bem, e bah! Ou bala, ou simplesmente bah!

Minha loucura

Eu não quero mais saber do seu lógico
Prefiro curtir o meu achismo das coisas
Mas só sobre as coisas simples confabulo
Das complexas fujo
E mesmo as vivendo por vezes nunca
Cartaz lhes dei e nem a essa lei
Louca que se nos imposta é
Não concordo com muitas coisas
Que sua obviedade prega
E minha loucura é lucidez ao se defrontar com sua hipocrisia
E vendo no que para muitos se faz claro
Enquanto aprendi sobre a vida numa escuridão
Similar à segregação que pregas, oh...
És vidente? Evidente, mas esse teu
Para mim ainda é um todo sombrio...
Ando tranquilamente cuspindo em tuas normas brancas...
Oh grande nada inconsciente!

Mac.2011

Listerine

Pare! E faça um gargarejo listerine.
Corra! E veja como a vida para logo.
Ame! E sinta que o tudo já é morto.
Ouça! Os surdos nos entendem como ouvintes.
Veja! Teus olhos o que podem exprimir.
Cale! Silêncio, uma forma de falar.
Viva! Apenas uma forma de agir.
Depois pare! E faça um gargarejo que não age.
Corra! E veja como a vida silencia.
Ame! Exprima co’os teus olhos pra que vejam.
Ouça! O ódio listerine dos humanos.


Bain de bouche 2012 ! Listerine 2012

Arrêtes ! et gargarises toi.
Coures ! et vois comme la vie s’arrête d’un coup.
Aimes ! et ressens que tout est déjà mort.
Écoutes ! Le public des sourds nous entend.
Vois ! tes yeux, ce qu’ils peuvent exprimer.
Tais-toi ! silence, c’est une façon de parler.
Vis ! juste une façon d’agir.
Ensuite, arrêtes ! gargarises toi, en vain.
Cours ! et vois comme la vie se tais
Aimes ! exprimes avec tes yeux pour qu’ils puissent voir.
Écoutes ! L’odieux gargarisme des hommes.





Mac. 2011.