terça-feira, 20 de setembro de 2011

Palavra

Inexprimível
Insofismável
Indescritível
Inquestionável
Inconcebível
Inabalável
Inexpressível
Inaceitável
Imprevisível
Inexorável
Inaudível
Irreparável
Indivisível
Intoxicavel
Incognoscível
Inexplicável
É a loucura provocada pela PALAVRA na mente quando
irreversivelmente é projetada no papel pelo POETA.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Droga

Para cada trago uma tosse
Para cada gole um edema
Para cada pedra uma morte
Para cada porre um dilema
Para cada teco um entorse
Para cada ácido uma língua
Cada cogumelo uma viagem
Cada cola grande miragem
Cada monte de baga um charo
Cada absinto dez pulos
Pra cada droga um demente
Para cada lança um perfume
Eu com meu loló bem contente
Perto de ser um dependente
E longe de ser mais um doente
Sustento bem a minha usura
Pra fabricar tão somente
Como escrevente poesia
Poesia de minha loucura!


Só; a massa faz poesia!
Só... A massa já faz poesia!
Só com a massa, já se faz poesia!
Só... Eu e a poesia!

Meu tempo

Eu paro pra viajar no tempo
E penso no exato instante
Me lembro como ser errante
De como sou um ser desatento

Essa viagem leva-me ao desalento
E parto em busca da dimensidão
Meu tempo erra e sem duração
Se perde em mim a todo momento

Meu tempo que se foi errou e era
O instante era e errou, mas foi
O que virá poderá ser ou morrer

Só e somente se o agora passar
Pois se chegar o fim e este verso viver
Nada mais haverá por escrever, só parar.

O tempo!

Dois sonetos para a Lua.

I

Há muito que a Lua não é tão bela
Que as nuvenzinhas d’ algodão se lhe protege
Parece-me uma total revolta da celeste
Revolta natural dos astros e daquela

Daquela Lua que parece se mostrar por derradeiro
E nunca mais o prazer de vê-la vamos ter
Revoltosa e triste pelo que estamos a fazer
Como o nosso grande universo verdadeiro

Sujamos rios cultuando plástico e cimento
Queimamos matas poluindo assim o firmamento
E comemos o sal até a água acabar

Suicidas hermenêuticos pedrados sem halopatas
Os mestres dos partidos inimigos bem cordatas
E os homens todos um a um a se matar

II

É essa a revolta onde segura sua leveza
Oh! Bela Lua dá-nos tua luz, tua beleza
Para iluminar de todas as nações a cabeça
Dessas mentes poluídas de cachaça e pedra

Faz tua luz com que vejamos toda a merda
Que ainda não saiu dos colarinhos brancos
Que não autorizam os esgotos prontos
E o povo continuando a cheirar bosta certa

E fere-lhes a gorja como por propina
Ao contemplar nas madrugadas desencantos
Pela incapacidade de ver a ruína

Eles nos bailes banhando-se de champanhe e purpurina
Nós com a garganta seca e os olhos em prantos
E a lua apagada enfim por trás da colina