segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Dois sonetos para a Lua.

I

Há muito que a Lua não é tão bela
Que as nuvenzinhas d’ algodão se lhe protege
Parece-me uma total revolta da celeste
Revolta natural dos astros e daquela

Daquela Lua que parece se mostrar por derradeiro
E nunca mais o prazer de vê-la vamos ter
Revoltosa e triste pelo que estamos a fazer
Como o nosso grande universo verdadeiro

Sujamos rios cultuando plástico e cimento
Queimamos matas poluindo assim o firmamento
E comemos o sal até a água acabar

Suicidas hermenêuticos pedrados sem halopatas
Os mestres dos partidos inimigos bem cordatas
E os homens todos um a um a se matar

II

É essa a revolta onde segura sua leveza
Oh! Bela Lua dá-nos tua luz, tua beleza
Para iluminar de todas as nações a cabeça
Dessas mentes poluídas de cachaça e pedra

Faz tua luz com que vejamos toda a merda
Que ainda não saiu dos colarinhos brancos
Que não autorizam os esgotos prontos
E o povo continuando a cheirar bosta certa

E fere-lhes a gorja como por propina
Ao contemplar nas madrugadas desencantos
Pela incapacidade de ver a ruína

Eles nos bailes banhando-se de champanhe e purpurina
Nós com a garganta seca e os olhos em prantos
E a lua apagada enfim por trás da colina

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